A emoção da beleza

Há muito tempo que considero que a beleza não é um facto nem um conceito, mas sim um sentimento. Quando se tenta descrever a beleza de algo, geralmente demora-se uma fracção de segundo a descrever parâmetros matemáticos e geométricos para rapidamente passarmos a descrever o que aquilo que consideramos belo nos faz sentir. A beleza das formas provém apenas de uma noção primária que temos de equilibro, rácios, simetrias, estrutura, tonalidades e texturas.

Dessa observação retiramos informações relativas a condições físicas, de saúde e de legado genético. Estas noções de beleza são comuns a todos os animais e provém de milhões de anos de seleção de compatibilidades. No entanto, a beleza erótica, a beleza que estimula o desejo, a beleza que nos emociona e apaixona, a beleza que faz despertar os sensores de dopamina e serotonina, essa provém do nosso âmago e não se descrever por palavras, mas sim com sensações.

É por isso que não gostamos todos da mesma coisa, não por ela não ter todos os requisitos matemáticos para ser uma obra prima, mas porque não nos provoca o mesmo sentimento. É por isso que, quando ficamos presos a convenções de beleza que são criadas por outros, perdemos a capacidade de comparar a beleza da lua com a beleza do recreio (como na cena acima). As nossas emoções é que tornam o mundo belo, não o contrário.

E é quando sentimos em nós a beleza dos outros que mais facilmente percebemos que a nossa própria beleza pode ser sentida por alguém mesmo que nós não a sintamos. “Quem feio ama, bonito lhe parece”, diz o ditado. E é na ideia de “parece” que está o segredo, porque “parecer” é um sentimento, não uma realidade. E é isso que na verdade a beleza é, um ideal, uma quimera, que todos temos a capacidade de sentir por alguém e, sobretudo, por nós mesmos.

Rui Simas

Erotic coach