Explorar com curiosidade
Se só vos pudesse dar um conselho sobre erotismo e a sexualidade, seria este: explorem com curiosidade. Deixem-se de certezas. Por muito que se estude o comportamento humano, nenhum estudo engloba todas as pessoas do mundo. E por muitas conclusões que se tirem, essas conclusões dependem de análises que tanto podem considerar o copo meio cheio como o copo meio vazio. Aceitem essas informações apenas como guias, porque a maior parte irá abordar os “comos” e os “quandos”, mas nenhuma conseguirá abordar todos os “porquês”. Cada pessoa é um universo único, em constante transformação e evolução que, apesar das influências provocadas pela experiência de viver, começa e acaba em si mesmo.
Não há estudos científicos que decifrem cada pessoa na sua individualidade. E mais depressa se perde o interesse por algo que se acha que se conhece do que por algo que procuramos constantemente conhecer. Porque quando se trata de pessoas, o intuito nunca pode ser conhecer-se totalmente alguém, sob pena de cristalizar a existência dessa pessoa num espaço e num tempo. Isso acontece sobretudo a quem privilegia uma perspectiva conservadora da vida, onde se teme a mudança e onde não se querem aceitar os desafios de uma realidade diferente. Nessa zona de conforto, nada se transforma, tudo se perde, tudo se (des)gasta.
Da mesma forma, a exaltação do caos, onde tudo se transforma constantemente, sem um propósito ou sem uma conexão com algo concreto, também facilmente se perde no seu próprio paradoxo. Isso acontece sobretudo a quem não sabe nem quer saber de nada, pois só o desapego total permite superar o medo de dar importância a algo que se possa perder ou que possa fazer sofrer. No meio destas duas visões drásticas da realidade, vive a curiosidade.
A curiosidade abre janelas onde outros fecham portas. Arrisca-se, da mesma forma que se experiencia e se aprende. As mentes curiosas não precisam de ser criativas para serem originais, basta perguntar, pesquisar, explorar, experimentar. Esse ímpeto da ignorância é muito mais vezes recompensado do que o assalto da sabedoria hermética. É quando se pensa que se sabe tudo que não se dá espaço à surpresa da aleatoriedade da vida. A dúvida é fundamental para crescermos e criarmos um vínculo com alguém. É com base nessa dúvida que se fazem as perguntas que nos ajudam a compreender e a valorizar a existência de outros universos. É nessa exploração que se edifica a cumplicidade.
E é nesse percurso que se faz em conjunto que se dá tempo ao tempo e espaço ao espaço para convergirem na criação de um novo universo único e irrepetível.
Rui Simas
Erotic coach