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Romantesão | Conto Erótico

Ele era um romântico, como ele achava que já havia poucos. Ele tinha encontrado o amor da sua vida antes mesmo de ter entrado na puberdade e tinham estado juntos desde o seu primeiro beijo. Não conhecia ninguém que estivesse há tanto tempo com a mesma pessoa, com a mesma disposição para amá-la e mimá-la com todos os gestos, nos dias certos, aniversários de nascimento, namoro e casamento, São Valentins, páscoas e natais, no dia mulher, da mãe e até no dia do beijo.

Sempre presente nos momentos importantes, da queima das fitas aos partos dos filhos, do primeiro dia de emprego ao último adeus de algum familiar ou amigo, da primeira bebedeira ao primeiro orgasmo. Sentia-se abençoado por ter alguém a seu lado que o fazia querer viver melhor, alimentar-se melhor, cuidar-se melhor, fazer mais exercício, adquirir novos conhecimentos e habilidades. Alguém que o fazia correr para casa depois do trabalho, alguém que sorria quando o via e que chorava à sua frente sem vergonha.

Alguém que debatia temas com tanta inteligência como emoção, que ganhava discussões mas que também sabia perdê-las. Alguém que fazia tudo para gerir melhor horários, responsabilidades e que, apesar das crianças, nunca se esquecia do tempo para os adultos brincarem também. Alguém que se ria com vontade, que embarcava em aventuras, que se arriscava com ele mas que também o acautelava. Alguém que ele gostava tanto de ver abraçada aos seus filhos como abraçada à almofada para não gritar de tanto prazer e não os acordar.

Alguém que corava quando ele lhe passava a mão numa curva mais sensível, mesmo em lugares públicos, mas que nunca a afastava. Alguém que gostava de provocar e ser provocada, porque era dessa cumplicidade que a sua intimidade se alimentava. Alguém que planeava, antecipadamente, um jantar fora, uma ida a um museu, um passeio, uma ida à discoteca, um banho de imersão à luz das velas ou simplesmente uma noite de sexo, porque essas eram as coisas importantes que a rotina do dia a dia raramente se lembrava de fazer acontecer por acaso.

Alguém que fazia por fazer, sem cobrar, porque sabia que ele faria igual ou melhor em troca. Alguém que dava da mesma forma que recebia, fosse a atenção, a simpatia ou o próprio corpo. Alguém que, por desejar um futuro, procurava tornar o presente menos repetitivo e monótono. Alguém que pedia opinião e que a ouvia. Alguém que gostava de definir estratégias para organizar os dias, mas que gostava também de se aventurar em ousadias.

Alguém que o apoiava quando ele estava inseguro e o incentivava quando ele se sentia com coragem para arriscar. Alguém que o tentava compreender da mesma forma que ele a tentava compreender a ela. Alguém que procurava, acima de tudo, consensos. Alguém que lutava pela harmonia e não pela razão. Alguém que tentava ver todos os lados das questões até chegar a uma conclusão. Alguém que o estimulava a todos os níveis, corpo e mente. Alguém que via a vida como uma oportunidade de ser feliz na companhia de outro alguém. Alguém como ele. E isso sim, dava-lhe uma intensa, profunda e arrebatadoramente romântica tesão.

Rui Simas

 

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