Ser e não ser | Conto Erótico
Ela sempre foi a mais popular. Todos a invejavam. Tinha uma aparência, uma simpatia e um carisma quase injustos de conjugar numa só pessoa. Começou a sua carreira de modelo quase recém nascida, numa daquelas publicidades de comida para bebés. Tinha odiado a comida mas tinha adorado a atenção. Desde aí, o seu trabalho como modelo e depois atriz, colocou-a sempre no centro de todas as atenções. Isso fazia-a sentir-se especial. Ela nunca teve de se esforçar muito para conseguir o que queria. Um piscar de olhos, um sorriso, um beijo, uma foda ou um pouco de agressão passiva e tudo funcionava perfeitamente para ela. Quando se fartou de estar sozinha, rapidamente arranjou alguém para lhe dar o que ela queria. Um homem bonito e bem sucedido, com muito dinheiro e pouco tempo. Perfeito. Casaram. Mas a vida perfeita rapidamente se tornou perfeitamente vazia. Depois de retirada toda a maquilhagem, holofotes, sorrisos falsos, alegrias fingidas e diálogos escritos em guiões, restava-lhe um vazio emocional cada vez maior. Desconexão. Depressão. Cada emoção tornava-se pesada, sombria. Agressões irrompiam da discussão mais insignificante. De repente, todos os sorrisos sinceros eram falsos também. Todas as amizades eram desonestas. Nenhuma emoção era verdadeira. Nenhum gesto era sentido. Nenhum beijo tinha significado. Não havia amor real ou relacionamento real. Ela já não sabia onde acabava a ficção do seu trabalho e onde começava a realidade da sua vida. Então divorciou-se. Estava cansada de não saber nada e desconfiar de tudo. Até dela mesma.
Foi morar com um amigo de infância que se aproveitou da sua ingenuidade e a fez perder tudo o que havia conquistado. Dinheiro, trabalho, família, amigos. Anos passaram. Ela arranjara trabalho numa loja de roupa de alta costura. Num dia particularmente quente, um casal mais velho, mas muito elegante, entrou na loja. Estavam à procura de um vestido de gala para a senhora. Ela, prontamente, levou-os para a secção de vestidos. Sutilmente, ela notou que o homem e a mulher estavam mais interessados nela do que propriamente no que ela lhes mostrava. Ela não se importou. Ela gostava. Ela precisava. Algo dentro dela despertou com aqueles olhares. O seu sorriso iluminou-se. Ela começou a posicionar-se propositadamente para ser observada por eles. Casualmente, ia tocando no corpo da mulher, em áreas particularmente sensíveis. Levantava os cabelos para ajeitar o vestido, tocava demoradamente no pescoço enquanto apertava os botões, deslizava pela parte interior dos braços enquanto media as mangas, empurrava ligeiramente a cintura enquanto falava em ajustes, descia pela curva das costas enquanto abria os fechos, tocava com as unhas nas coxas enquanto media bainhas e circulava a forma dos seios enquanto realçava o quanto nenhum ajuste seria necessário para servir perfeitamente em tal figura. Enquanto provocava a mulher com toques e sorrisos, seduzia o homem com olhares e suspiros, debruçando-se sobre ele de formas cada vez mais insinuosas e colocando-se em posições que permitiam ao olhar do voyeurista descer pelo seu decote ou subir pela sua saia. Dava-lhe um grande prazer ser contemplada assim novamente. Ela sentia falta de uma audiência para iluminar a sua existência. E assim ela fez um espetáculo de si mesma. O casal ficou hipnotizado. Eles deleitavam-se com cada respiração, cada olhar, cada palavra, cada gesto, cada postura dela. Os seus olhos estavam cheios de desejo contido. Ela tinha-os na palma da sua mão. Ou assim ela pensou. Assim que o casal pagou o vestido, a mulher entregou-lhe um cartão. Um simples cartão branco com um número de telefone. E sem dizer mais nada, foram-se embora. Ela olhou para o cartão e sorriu. Contou a uma das suas colegas e ambas riram, fizeram piadas e imaginaram o que aquilo poderia significar. Era um cartão de apresentação ou era um convite? Foi ideia da mulher ou do homem? E qual seria a intenção de qualquer um deles? Ela desejava saber. Apesar de já ter visto muitos filmes com este género de mistérios, ela queria realmente saber.
No fim da noite, já deitada na cama, resolveu enviar uma mensagem para o número de telefone. “Olá”, escreveu, “vocês são o casal que comprou o vestido azul esta tarde?” Esperou. Não obteve resposta. Talvez eles não estivessem assim tão interessados nela, pensou. Esperou um pouco mais. E adormeceu. No dia seguinte, ainda não tinha resposta. “Por que será que não respondem?”, pensou. Eles estavam claramente interessados. Estariam a fazer-se de difíceis ou será que deram o cartão a mais pessoas e já tinham satisfeito a sua fantasia? Ela é que deveria ser difícil de alcançar, não aqueles velhos. Decidiu que não iria dizer mais nada. Ou será que eles estavam à espera que ela ligasse em vez de mandar só mensagem? Ou talvez tivessem ido para algum lugar sem rede. Ou talvez… De repente, um bip, uma notificação de mensagem. “Sim”, dizia a mensagem. “Sim!”, disse ela excitada em voz alta. Outro bip. “Estaria interessada em tomar um copo conosco para nos conhecermos melhor?”, dizia a mensagem seguinte. “Sim!”, exclamou ela. “Sim”, escreveu ela. E enviou. “A responder tão rápido pareces desesperada”, pensou ela. Outro bip. “Ótimo!”, dizia a nova mensagem, “Então encontramo-nos hoje, à meia-noite, no Grand Hotel”. “Ok”, respondeu ela. E agarrou-se ao telefone incrédula. “Meu deus, o que eu estou a fazer?”, pensou. Mas rapidamente a sua maior dúvida passou a ser o que iria levar vestido para deixar aquele misterioso casal de boca aberta.
Então, naquela noite, depois do trabalho, colocou o seu vestido mais justo e decotado e foi de uber até ao Grand Hotel. Durante o percurso, o motorista não tirou os olhos do retrovisor e por duas vezes ia batendo nos carros da frente. Só por isso ia levar cinco estrelas. Ao chegar ao hotel, passou pelo porteiro como se fosse a dona do prédio. O casal esperava-a numa das mesas do lounge. Ela aproximou-se deles. O homem levantou-se e ajudou-a a sentar-se. Ela sentou-se demoradamente. O seu vestido apertado subiu vários centímetros, deixando as suas longas pernas completamente à mostra. Cruzou-as em câmara lenta, enquanto olhava fixamente para os olhos do homem. Ele sorriu e chamou o empregado do bar, pedindo para ela uma bebida igual à da sua mulher. Ela olhou então para a mulher. A mulher estava a beber uma bebida multicolorida e, por cima do rebordo do copo, olhava-a de volta. A tensão era palpável. O homem começou a tentar quebrar o gelo com piadas que referiam o inusitado daquela situação, mas ela estava totalmente focada no olhar daquela mulher, vestida com uma túnica branca muito leve e curta e um casaco peludo, que estava a comê-la com os olhos enquanto bebia o seu cocktail. Sentiu-se envergonhada, talvez pela primeira vez na vida. Tinha sido objeto de desejo de tantas pessoas, mas nunca tinha sentido tal intensidade sexual num olhar, especialmente de outra mulher. Era arrebatador. Então decidiu quebrar o contacto visual e dar atenção ao homem que continuava a contar episódios e curiosidades engraçadas. Ela riu, falou sobre sua vida como modelo e atriz, realçou como era aventureira, como a sua mente era aberta a novos desafios e como adorava novas experiências. Sentiu como se estivesse num casting. “Então gosta de interpretar personagens”, observou a mulher sem sorrir. “Bem, eu realmente sinto que é isso que tenho feito a minha vida toda”, respondeu ela. “Na verdade, acho que não”, interrompeu a mulher, “pelo que percebi, você conseguiu ser apenas um fantoche, uma máscara sem alma, sem conteúdo, sem emoções reais, sem verdade”. Ela ficou atordoada. “Acha que era realmente capaz de viver uma vida que não fosse a sua de uma forma tão realista como acha que a sua é?”, perguntou a mulher em tom de desafio. Por momentos, ela ficou em silêncio, sem nunca deixar de olhar aqueles olhos negros e profundos. “Acho que sim. Não… sei que sim. É isso que eu quero. Desde sempre. Transformar-me naquilo que posso ser e não ser apenas aquilo que a vida me faz ser.” A mulher pareceu convencida. “Muito bem, vamos subir”, disse a mulher, largando a bebida e levantando-se inesperadamente. “Traga a mala, querido”, acrescentou. O homem largou a bebida, estendeu a mão à esquerda do seu pequeno sofá e tirou uma pequena bolsa de couro preta. Levantou-se, fez sinal para ela os seguir e começaram a caminhar até o elevador. Ela bebeu o resto da sua bebida de uma só vez e seguiu atrás deles.
A viagem de elevador foi silenciosa. Após o bing, as portas abriram-se e eles seguiram pelos corredores como ratos num labirinto. A carpete silenciava os seus passos apressados. Ela sentia que flutuava. Chegaram ao quarto. O homem abriu a porta e deixou-as entrar primeiro. A mulher sentou-se na cama. O homem colocou-se ao lado dela, de pé. Ela estava algo assustada mas excitada ao mesmo tempo. “Você vai ser nossa filha esta noite”, disse a mulher assim que a porta se fechou. “O quê?!”, respondeu ela sobressaltada. “Você vai ser nossa filha, só por esta noite”, disse o homem mais pausadamente. “O que quer dizer com isso?”, perguntou, confusa. “Significa que esta noite vai comportar-se como se fosse nossa filha”, disse a mulher. “A nossa filha virgem”, acrescentou o homem. “Virgem?”, perguntou ela, “porquê virgem?”. “Porque hoje é a noite em que a nossa filha vai perder a virgindade”, disse a mulher enquanto a encarava com um sorriso sutil nos lábios. “Você é louca?”, arriscou ela, já a tremer. “Acha que consegue interpretar este papel?”, perguntou a mulher, novamente em tom de desafio. Ela enfrentou-a com o olhar, sem pestanejar. “O que é isto”, perguntou ela já com os dentes cerrados, “querem-me violar, é?”. “Não, nada disso”, disse prontamente o homem. “Isto é que se chama de role-play. O desafio é assumir uma personagem. Nós apenas gostamos de dar um toque sexual a isso”. Ela abanou a cabeça. “Role-play sexual? Vocês divertem-se com isso?”, disse a sorrir nervosamente. “Muito”, respondeu a mulher. “Então por que não fazem isso entre vocês?”, respondeu ela. “É exatamente isso que costumamos fazer”, disse o homem, “mas simplesmente adorámos o seu desempenho na loja ontem. Você quase nos convenceu de que nos estava a tentar seduzir. Mas na verdade, não estava, pois não?”, perguntou o homem sem esperar resposta, “estava apenas a fazer um pequeno role-play de sedução inocente, para nos incentivar a comprar aquele vestido caríssimo, certo?”. Ela desviou o olhar. “Não… quero dizer, sim, quero dizer, como já vos disse, eu gosto de chamar a atenção, é isso”, tentou dizer sem gaguejar, mas falhou. “Sim, compreendo. E isso é muito fácil quando não há consequências, quando não há nenhuma emoção verdadeira envolvida, não é?”, questionou a mulher. Ela não respondeu. A mulher fez um ligeiro gesto com a mão e o homem colocou a bolsa de couro preta sobre a cama, abrindo-a no mesmo movimento. De dentro da bolsa, retirou uma farda de menina de colégio e colocou-a em cima da cama. Ela sorriu nervosamente. Aquilo era simplesmente ridículo. “Quer que eu me mascare de menina do colégio?”, perguntou ela. “Não”, respondeu a mulher, “não queremos que se mascare, queremos que realmente seja uma menina de colégio”. “Ok, isto já é demasiado estranho para mim, eu vou-me embora”, disse ela levantando-se.
O homem pegou novamente na bolsa e despejou-a sobre a cama, formando um monte enorme de notas de 500 euros. “Pagamos cinquenta mil euros por isto”, disse a mulher calmamente, “considere isto como o trabalho de atriz mais bem remunerado que já teve”. Ela olhou para o dinheiro e depois para a mulher. Os olhos da mulher estavam fixos nela com tanta intensidade que ela sentiu como se lhe tocasse na alma. Olhou novamente para o dinheiro, espalhado sobre a farda do colégio. O homem estava de pé ao lado da cama, como um guardião. “Para que é isto tudo?”, perguntou ela finalmente. “Isso não é problema seu”, disse a mulher, “a questão é: por que razão aceitaria fazer isto?”. Ela engoliu em seco. “Bem… é muito dinheiro”, respondeu. “Essa é a razão errada”, disse a mulher, “não vai desfrutar de nada se fizer apenas pelo dinheiro”. “Por aquele dinheiro todo eu nem preciso desfrutar”, respondeu ela com um sorriso ganancioso. “Essa é a resposta de uma verdadeira pessoa superficial”, disse a mulher, “o dinheiro não é para comprar as suas emoções, é para comprar o seu interesse em investir nas suas emoções. Se o dinheiro é mais importante do que experimentar a verdade da vida e do prazer, então não é a pessoa que procuramos, e lamentamos tê-la trazido para aqui. Pode ir embora”. Ela respirou fundo. “Espere, mas então porque é que me estão a mostrar esse dinheiro todo? ”, perguntou ela. “Para a fazer pensar”, disse a mulher, “para a fazer questionar se prefere vender-se ou ser vocês mesma”. “Mas eu estou a ser eu mesma”, respondeu ela, “não preciso fingir que sou a vossa filha virgem para ser eu mesma”. “Não, não precisa disso”, disse a mulher, “mas até hoje não conseguiu ser nada além de uma versão superficial de si mesma, então definitivamente precisa de algo que a faça sentir emoções verdadeiras”. “E nós estamos a oferecer algo concreto”, acrescentou o homem. Ela olhou para ele. Depois para a mulher. Eles olhavam-na como duas estátuas. Ela olhou para o dinheiro e para o vestido. “O que faço?”, pensou. Toda aquela situação era tão excitante para ela a tantos níveis, mas a sua cabeça estava sobrecarregada de perguntas. Assumir as suas verdadeiras emoções foi a razão pela qual se divorciou e mudou completamente sua vida. Foi a razão pela qual teve coragem de enviar uma mensagem para um número de telefone desconhecido. Foi a razão pela qual seguiu um casal estranho até um quarto de hotel. Ela queria ser desafiada e posta à prova. Ela queria sentir algo intenso, algo real. E todo aquele dinheiro tinha-a definitivamente feito parar e pensar. O que ela tinha a perder não era nada comparado ao que ela tinha a ganhar. Mesmo se fosse só para satisfazer as fantasias daquele velho casal, certamente com mais dinheiro do que vigor, tudo acabaria depressa e teria muito tempo para pensar sobre isso debaixo de uma bananeira nas caraíbas. “Ok”, disse ela finalmente, “eu faço”. “E porquê? ”, perguntou a mulher novamente. Ela congelou. Não estava à espera de uma pergunta de volta depois de aceitar a proposta. Pensou por um momento. “Porque me quero sentir viva”, respondeu convicta. “Faria isto mesmo se não lhe pagássemos?”, perguntou a mulher serenamente. Ela congelou novamente. Lá se ia a bananeira. Lá se iam as caraíbas. “Hum… sim… ”, disse ela com menos certeza. “Muito bem,” interrompeu a mulher, “troque de roupa e encontre-se conosco no bar dentro de trinta minutos”.
Levantou-se e saiu da sala com o homem atrás dela. Vinte e nove minutos depois, ela chegou ao bar com a farda de menina de colégio vestida, que lhe ficava ainda mais curta do que o vestido que tinha escolhido para aquela noite. Sem saber o que dizer, aproximou-se do casal. Eles estavam a tomar uma bebida. Ela sentou-se silenciosamente ao lado deles. O empregado trouxe-lhe um sumo de laranja, num copo pequeno, com uma palhinha daquelas que o líquido tem de dar muitas voltas antes de chegar à boca. Ela teve de chupar a palhinha com muita força até finalmente conseguir saborear o líquido. Quando engoliu, percebeu que era sumo de laranja misturado com vodca, mas para qualquer outra pessoa, aquela parecia uma bebida de criança. Ela bebeu o mais rápido que conseguiu até lhe trazerem outro copo exatamente igual. De repente, um homem muito alto aproximou-se da mesa. O casal cumprimentou-o e apresentou-a como sua “filha”. O homem olhou para ela e sorriu. Voltaram a sentar-se. Enquanto eles falavam, ela bebeu mais dois copos do seu sumo de laranja especial e tentou meter-se na conversa com insinuações e perguntas ingénuas, o que a fez parecer ainda mais inocente. Os seus “pais” pareciam satisfeitos com aquela performance. Finalmente, a conversa terminou e levantaram-se todos. Ela cambaleou um pouco. O homem grande agarrou-a por um braço e ela agradeceu, apoiando-se ainda mais nele. Seguiram o casal mais velho até ao elevador e subiram para o quarto. Entraram no meio de gargalhadas. A mulher sentou-se na cama e chamou por ela. Ela caminhou, tentando agarrar-se a tudo o que podia para não perder o equilíbrio. A mulher começou a tocar-lhe e a descrever as suas qualidades físicas, quase como se a estivesse a vender num leilão, desde as suas longas pernas até aos pequenos mamilos que se faziam notar por baixo da farda. As mãos da mulher percorriam cada linha do seu corpo que tremia a cada toque. A mulher abriu-lhe a camisa e revelou o seu pequeno sutiã rosa. Em seguida, levantou a saia e revelou as suas pequenas cuecas brancas. Ela já não estava a prestar atenção a nada, por causa do efeito do seu sumo de laranja especial, mas quando a mulher passou pela primeira vez os seus dedos pelo meio das suas cuecas, ela deu um pequeno salto e ouviu “…e é virgem”. Instintivamente, ela olhou para o homem alto e forte, que sorriu. “Então, posso ter a honra?”, perguntou ele. “Com certeza”, respondeu a mulher, levantando-se da cama e deixando-a desamparada. O homem grande aproximou-se dela e agarrou-a delicadamente. Beijou-a. Ela, ainda aturdida, não retribuiu logo o beijo mas, à medida que se foi deixando envolver por aqueles lábios grossos e pele rija, pelo perfume que pairava como uma aura à volta daquele corpo maciço que a envolvia e pelo aperto daquele abraço que a restringia com desejo, começou a sentir vontade de aproveitar aquele momento. Ela sentiu que aquele homem sabia o que fazia e, dramaticamente, deixou-se cair nos seus braços fortes. Ele, pegando nela ao colo num só gesto, pousou-a na cama. Começou a despi-la com gestos precisos. Ela sentiu arrepios a descer pela espinha como se fosse realmente a sua primeira vez na cama com um homem. Curiosa, ela olhou para o lado e viu a mulher, a sua “mãe”, a devorar gulosamente o pau do seu “pai”, mesmo ao lado dela. Tudo aquilo parecia um sonho. Virou-se novamente para a frente e, no horizonte desenhado pela sua púbis, viu a planície ligeiramente grisalha do topo da cabeça do homem grande, como um pôr do sol que descia pelo meio de duas pernas em forma de colinas. Uma língua molhada mergulhou dentro dela como uma onda gigante que invade uma piscina. Os seus olhos reviraram de prazer. O seu corpo arqueou-se com um misto de surpresa e de vergonha. Não se lembrava da última vez que alguém se tinha dedicado a fazer-lhe sexo oral daquela forma, tão precisa e tão sôfrega ao mesmo tempo. Sentia-se a ficar cada vez mais molhada e já não sabia onde acabavam os lábios da sua vulva e começavam os da boca que a lambia.
Minutos depois, o sol grisalho subiu do horizonte e revelou uma montanha gigante que se debruçou sobre ela. O homem grande, já nu, colocou-se sobre o seu corpo trémulo e tocou-lhe com a ponta do pénis nos lábios encharcados, como se estivesse a pedir permissão para entrar. “A menina está pronta para isto?”, perguntou ele com uma voz pesada. “N… não”, respondeu ela, não se esquecendo do seu papel de menina inexperiente e assustada. “Mas quer?”, perguntou o homem, com um sorriso suave, deslizando o seu pénis para cima e para baixo na entrada da sua vagina, tocando ao de leve no clítoris. “Hum… ”, gemeu ela, “eu… hum… eu… sim… sim, quero”, disse ela finalmente, revirando os olhos já com um desejo incontrolável. Então, sentiu finalmente o pénis quente e duro a penetrá-la com um forte impulso. Foi tão profundo, que ela soltou um grito. Nunca a tinham penetrado tão fundo. Sentiu mesmo como se fosse a sua primeira vez. Uma lágrima de emoção escorreu-lhe pela face. O homem ria de prazer e continuou a penetrá-la. Ela sentia-se completamente preenchida até às entranhas. Tinha-se esquecido de como era positivamente maravilhoso sentir esse tipo de dor. Enquanto o homem grande continuava com os seus movimentos lentos e profundos, ela foi sentindo o seu corpo a expandir-se, a adaptar-se e a lubrificar-se cada vez mais. Com todo aquele fervor, nasceu nela uma vontade de assumir o controlo. Com uma surpreendente força, empurrou o homem grande para o lado e colocou-se em cima dele. Olhando-o nos olhos, agarrou no seu pau duro e gigante e inseriu-o dentro de si, brindando a sua chegada com pequenas gotas de prazer. Ambos exalaram como se os seus espíritos tivessem deixado os seus corpos. Finalmente, encaixou-o completamente dentro de si, ajeitou as ancas e começou a cavalgá-lo como se montasse um cavalo sem sela, a galope por uma planície deserta, de olhos fechados e com as mãos crivadas naquele corpo robusto e suado. Entrou num êxtase e soltou uma gargalhada sentida. Todo o seu corpo gemia. A menina inocente tinha sido possuída por um espírito voraz e nada era mais sublime que isso. Pelo canto do olho, viu os seus “pais” a foder contra a parede, sem nunca tirarem os olhos dela. Isso ainda lhe provocou mais excitação. Sentia que era a razão de tudo aquilo estar a acontecer, por estar a desempenhar tão bem o seu papel de “filha” que, mesmo sendo virgem, sabia o que queria e gostava de sentir prazer. Estava tão entusiasmada, que decidiu dar ainda mais intensidade a todo aquele teatro. “Mãe, pai, venham-me foder também”, disse ela. O casal ficou perplexo. “Venham”, disse novamente, desmontando do grande homem e posicionando-se de quatro na cama, de rabo virado para eles. “Venham foder a vossa filha”, disse ela, enquanto se masturbava. O homem ficou a assistir, enquanto o casal se dirigiu para a cama. A “mãe” começou a lambê-la, enquanto o “pai” lhe deu o seu pau para ela lamber. Ela olhou então para o homem grande. “Fode a minha mãe por trás enquanto ela me lambe”, disse-lhe. Ele levantou-se e colocou-se por trás da mulher, penetrando-a. Os quatro pareciam uma máquina bem lubrificada. Foi então que ela se lembrou de uma última coisa. “Posso beber o seu leite, papá?”, perguntou ela com um olhar lascivo. “Sim, minha menina, estou quase”, disse o homem ofegante. “Venha, mãe, vamos beber o pai juntas”, convidou. Depois estendeu a mão ao homem grande. “Venha também, senhor, temos muita sede, queremos beber tudo”. Ajoelharam-se as duas em frente dos homens enquanto ambos explodiam nos seus rostos com a ejaculação mais intensa que ela já alguma vez tinha visto. “Mãe” e “filha” beijaram-se, saboreando-se mutuamente, e todos caíram na cama, satisfeitos. Depois de vários minutos, e sem dizer uma palavra, o homem grande levantou-se, vestiu-se e foi-se embora. “Bem-vinda ao mundo onde podemos ser quem nós quisermos”, disse a mulher, quebrando o silêncio. “Obrigada, mãe”, ela respondeu, “ foi um prazer”.
Rui Simas